quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Bom Proveito

Pra onde vão os balões de gás que soltamos pro céu quando criança? Pra onde vão os beijos sonhados e nunca dados? Pra onde vão aquelas melodias lindas que criamos, não registramos e nunca mais lembramos? Pra onde vão as pequenas coisas que conquistamos com todo o esforço e, de repente, não estão mais ali?... E o que nos pertence afinal?...


Queridos amigos e visitantes do Boca! Venho anunciar que mais alguém acaba de ganhar uma linda camiseta do blog, mas eu não sei quem é... O(s) mesmo(s) “ganhador(es) anônimo(s)” faturou também uma mochila de rodinhas, com menos de 24 horas de uso, uma bela muda de roupas incluindo um figurino de teatro, uma camiseta da Campanha do Apagão e uma blusa personalizada com um desenho de uma bailarina que fiz quando enxergava e ninguém tem igual, além de outros objetos pessoais, uma garrafa térmica e restos de um almoço de viajante, uma garrafinha de água fluidificada pelas falanges espirituais mais generosas e um netbook, mais conhecido como Panterinha, que foi meu fiel instrumento de trabalho por menos de um ano, fruto do suor de muitas pessoas que, conjuntamente, deram-me este presente.


A “doação não autorizada” ocorreu na tarde do último sábado, no estacionamento pago (zona azul) do parque do Ibirapuera, enquanto eu e a equipe do Telelibras trabalhávamos dentro do parque. O carro foi arrombado e 3 mochilas, a minha e de mais 2 integrantes da equipe, foram levadas, além de alguns objetos do veículo. Informo aos atuais “proprietários” de tudo o que nos foi levado que vocês estão sendo monitorados, e por uma autoridade que não precisa de câmeras, nem microfone espião, nem chip pra rastreamento, nem senha hacker, nenhum tipo de artifício eletrônico; Ele está em todas as coisas, em todos os lugares, em todos os momentos, e está olhando vocês, abençoando vocês, amando vocês, por mais que vocês talvez não se permitam sentir ainda, mas Ele já está aí.


Que bebam da água fluidificada, que façam bom uso de tudo, que curtam as músicas, vídeos e histórias antes de formatarem o Panterinha para venda ou para uso pessoal. Ah, e posso imaginar o sustinho de vocês ao ligarem o Panterinha e serem recebidos por uma voz robotizada, nada simpática, tosca e até um pouco aterrorizante pedindo a senha de acesso. Não foi de propósito, é só o meu leitor de tela numa versão ainda não muito atualizada; ele me foi muito útil, transformando em som tudo o que eu não posso ver. Mas pena que pra vocês provavelmente o leitor de tela não tenha nenhuma serventia; aliás, Deus queira que vocês nunca precisem mesmo deste recurso. Quanto ao conteúdo do Panterinha, mamãe já tinha me ensinado a boa e velha, não tão velha assim, lição do backup, lição reforçada agora. Só uma pequena história não havia dado tempo de copiar dele, mas no dia seguinte à “doação não autorizada”, assim que cheguei em casa, eu a reescrevi. Não me lembrei exatamente de cada palavra, mas no fim achei que ficou melhor do que era antes...


Muitas outras lições ficaram além da lição do backup. Nada nos pertence mesmo, o “ter” é uma grande ilusão, e a vida vem de vez em quando nos lembra disso, do que realmente importa no final das contas, já que no fim as únicas contas que levamos são as com Deus. Se a justiça não funciona, se a polícia não pode fazer nada, se ninguém se responsabiliza, pra quê revolta? Vamos em frente! Levaram foi a malinha menor, já que a maior estava fora do carro, trabalhando ;) Dos males o menor, e das malas a maior... Viva!!


3 comentários:

  1. "Doação não autorizada", é assim que isso se chama agora?rs
    Gostei muito do texto, da reflexão que você trouxe... Hum, me confrontou também. E logo depois estava ouvindo, olha só que coisa, "Lo que el viento nunca se llevó". :) bjo

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  2. “Ter”. este verbo deve ser conjugado de maneira diferente. Por exemplo, ter amigos, ter saudade de coisas boas, de pessoas que marcam a vida, de grandes momentos “especialmente quando compostos de pequenas coisas”, de músicas. Ter família, ter coração; este Ter é só nosso e não pode ser doado sem autorização.
    Grande beijo Sarinha!
    Muitas saudades.

    De seu amigo Carlos de Belém do Pará.

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  3. Ê Sarinha, que texto lindo. Creio igualzinho a ocê o que importa é quem somos e não o que temos, tava falando disso com um amigo ontem. "Ele está em todas as coisas", que lindo, faz morada em nós. Obrigado! Beijocas!

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