terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prêmio Absurdo da Semana

“Nossa Senhora do serrado, protetora dos pedestres que atravessam o Eixão às seis horas da tarde, fazei com que eu chegue são e salvo na casa da Noélia!” Essa deliciosa música-oração, praticamente escondida em um dos CDs da Legião Urbana, eu ouvia muito na minha adolescência. E escutá-la ali, na terra do Renato, ao fim do filme BRAXÍLIA no Festival do Cinema de Brasília, fez lembrar dele e sua imensa força, sua imensa voz celebrada por geração após geração até hoje, fez lembrar dos difíceis tempos de adolescente, fez lembrar da cumplicidade com minha irmã, quem me ensinou a gostar daquela voz, e me fez chorar. Assim parecia terminar mais uma semana de aventuras sexta passada, mas na verdade ela ainda se findaria com mais fortes emoções...
Semaninha agitada, pessoal, em que descobri como estar em 3 estados e 5 cidades entre segunda e sexta-feira. Pois é, levada pelo trabalho, pela arte, por minha missão, consegui esta façanha. E, nessas andanças em rodoviárias, aeroportos, metrôs, passei pelas mãos dos mais diversos guias: funcionários, aerotios, passantes, anjos bons; além de ter reencontrado queridos amigos antigos e feito novos. Por onde andei e o que andei fazendo? Bom, eu precisaria de mais inúmeras postagens pra contar com os merecidos detalhes todos os eventos, todos os encontros, todas as viagens e histórias da semana, que não foram poucas. Mas destaco aqui algumas das situações mais marcantes, seja positiva ou negativamente.
Comecemos então, senhoras e senhores, pelos destaques que concorrem ao “prêmio ABSURDO da semana”: em plena segunda-feira, próximo a um estúdio de som no Rio de Janeiro, encontrei meus amigos músicos Júlio Ribeiro e Luiz Otávio, ambos colegas de apagão. Eu acabara de chegar de Volta Redonda e puxava minha mala de rodinhas. Éramos então três cegos e uma mala rua afora procurando a entrada do estúdio. Ninguém parecia passar na rua para pedirmos ajuda. Julinho telefona para dentro do estúdio e pede orientação, dizendo que somos cegos e que precisamos de ajuda; e o amigo do outro lado: “Tu segue um muro branco até o final e vira à direita.” Bacana! Então a gente espera passar alguém e não pergunta onde é a entrada do estúdio, a gente pergunta se aquele ali é o muro branco. Hehehe! Depois, concorrendo ao mesmo prêmio, vem a rodoviária de Campinas, já citada aqui no Boca como mau exemplo de colocação do piso tátil. E adivinhem o problema agora: ele próprio outra vez. Eles lá planejaram um belo natal para seus usuários, com lindas bolas e luzes coloridas e enfeites que inspiram os melhores votos natalinos, paz e felicidade a todos os viajantes. Mas talvez a mesma felicidade e paz não sejam possíveis à árvore de Natal e ao pobre do Papai Noel enorme instalados BEM no meio do piso tátil... Nessas horas eu queria até enxergar pra ver a cena comédia pastelão do cego caminhando cheio de pressa por sua pista tátil e, com sua varinha mágica, botando pra dormir papai noel, árvore, pisca-pisca, melhores votos, paz, felicidade e estrela de Belém. Que tristeza... Isto foi na quarta-feira, e no sábado, após ter presenciado uma aerotia do Aeroporto Internacional de Brasília pedir informações sobre a minha pessoa à minha acompanhante e não a mim, julguei completa a lista de micos candidatos ao prêmio, mas, pra minha surpresa, o vencedor ainda estava por vir... No mesmo dia, já em São Paulo, eu e minha amiga Tábata Contri dávamos um passeiozinho gostoso de carro no fim da tarde. Paramos em frente a uma loja de fantasias, cheia de degraus na entrada. Minha amiga é usuária de cadeira de rodas, e eu, uma mera aprendiz no apagão; a única solução que vimos naquela hora foi tentar fazer com que a atendente viesse até nós. Do carro, gritamos, gritamos, chamamos, e demorou até que uma senhora se convencesse de que não se tratava de uma molecagem e fosse até a porta. Ainda de longe, Tábata explicou a situação. Com muita má vontade, a senhora veio nos atender na calçada. Sem nenhuma vontade de vender, forneceu a Tábata as informações solicitadas sobre determinados itens da loja. “Sua loja tem muitos degraus, moça- dizia Tábata –e se eu vier experimentar essas roupas? Terei que trazer um homem bem forte?" e a mulher respondeu sem nenhum pesar: “É, só se for.” Fala sério, minha senhora, é por causa de criaturas como você que precisamos de leis e fiscalização dura pra tornar nosso país acessível, porque para as pessoas sensíveis e criativas, basta se esbarrar no problema para se pensar na solução. E, empatado no primeiro lugar com esta mulher, está o homem que, horas depois, bateu no carro em que estávamos e não fez nem menção de parar. Nosso anjinho da guarda é muito bom e ninguém se machucou, mas agora a motorista, cadeirante, precisa sair pelo banco do carona porque sua porta não abre devido à pancada e tem um carro amassado. Nota ZERO pra você, meu amigo.
Graças a Deus, a semaninha também foi recheada de atitudes louváveis, mas estas, concorrentes ao “Troféu ARRASOU” DA SEMANA, DEIXO PARA A PRÓXIMA POSTAGEM. Aguardem, comentem, fiquem bem!


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